domingo, 1 de dezembro de 2013

Anna da Motta Paes

Às vezes  nos deparamos com alguns documentos que nos intrigam, e pensamos que nunca vamos conseguir desvendar as pessoas envolvidas. Esse caso especialmente começou quando encontrei esse registro de batismo em Pouso Alegre:



Na imagem lê-se:

Aos 16 de Abril de mil oitocentos e vinte e seis no Oratório das Dores desta Freguesia o Reverendo Bento José de Carvalho com licença baptizou e pôs os Santos Óleos a José de treze dias, filho de Anna da  Motta Paes e pai incógnito. Foram padrinhos Antônio da Silva Mello, casado,  e sua irmã Maria Antônia, casada, o padrinho freguês da Villa de Campanha e [os demais] desta Freguezia de que mandei fazer este assento que assino.

O Vigário  João Dias de Quadros Aranha

Fiquei extremamente curiosa, particularmente por causa da minha própria história de vida: minha mãe sempre foi "acusada" de ser a primeira mãe solteira na história dos Motta Paes, então imagine que interessante encontrar a coitada da Anna em 1827: imaginem o estigma! O que acontece é que observando o registro, não existia nenhum indício que me indicasse quem poderia ser Anna, ou seus pais. Bem, aí a história oral me ajudou um pouquinho: veja bem, não tenho certeza se as duas histórias, que me foram contadas por pessoas diferentes e que provavelmente não se conheciam, coincidem. Pelo ano de nascimento, pode ser que seja a mesma Anna, mas não posso afirmar com certeza, então deixo vocês com a mesma dúvida que tenho. De qualquer forma, é uma história romântica e trágica, bem ao estilo dos Motta Paes.

"Uma das coisas que gostávamos quando eramos criança era quando chegava o mês de julho, era mês de ferias do grupo, então minha mãe nos levava para a casa de meu avo no Pinheirinho, para nos era uma festa tão grande estar junto do meu avo, e uma das coisas que mais me prendia a atenção era suas historias que nos contava a beira do fogão a lenha que tinha na cozinha. E uma dessas historias me marcou muito e sempre quando eu ia na casa dele eu pedia para ele me contar aquela mesma história, minhas irmãs ficavam bravas comigo, mas eu nem ligava, pois eu achava a história triste e ao mesmo tempo bonita (risos). Meu avo contava que o avo dele gostava de contar essa historia e assim foi passada para nós. Era no tempo em que nem tinha Passa Quatro ainda, era tudo pasto e fazendas, existia um tal de tio Zé,era tio avo de meu avo, dizia que teve uma filha que aos quinze anos ficou gravida, nossa isso para aquela época era uma vergonha fora do comum, e esse tio Zé para esconder a vergonha que a filha tinha feito a enviou para a casa de uns parentes dele em Pouso Alegre, para que ninguém soubesse do ocorrido, mas com ela mandou a ordem que após o nascimento da criança eram para sumir com ela. E assim aconteceu, a criança nasceu e segundo dizem era um menino, e dizem que esse Tio Zé mesmo sabendo que era um menino não quis nem saber, a ordem era para dar fim na criança e mandar a moça de volta, bom acabou que a criança ficou com os padrinhos que ninguém nunca mais viu ou ficou sabendo deles. A moça voltou e ao chegar na casa do pai esse Tio Zé, já estava de casamento marcado, o Tio Zé fez ela se casar com um agregado dele para tentar esconder o escândalo que seria se todos soubessem que ela não era mais donzela, e assim aconteceu, ela se casou com ele foram embora para o Estiva e ali tiveram outros filhos.Mas o que foi mais triste nesta historia foi o fim do pai da criança. Meu avo dizia que esse Tio Zé era muito ruim, tanto que quando ele morreu diziam que o diabo vinha buscar a alma dele(risos) coisa dos antigos. Bom o Tio Zé descobriu que quem tinha desonrado a filha dele foi o feitor de sua fazenda, e como castigo o emparedou vivo, meu avo contava que essa filha do Tio Zé até quando pode já velha né ia lá nesse lugar onde o moço estava emparedado, isso era sinal que ela gostava dele né mesmo. Agora a criança ninguém nunca soube o que aconteceu com ela, se morreu, se viveu até a velhice, se casou nenhuma noticia tiveram desse menino. Meu avo contava que o pai dele dizia que ela tinha um olhar muito triste, coitada até hoje antes de dormir eu rezo pela alma dela" (Contada por Guiomar Motta à João Martinho Motta de Castro).

"Minha avó contava essas histórias pra gente eu não acreditava muito não, mas eu adorava, rsrsrs. Dizia que esta Ana apaixonou-se por um empregado de seu pai José da Motta Paes que por sinal era um dos irmãos do Major, só que ela já estava comprometida com o filho de um Fazendeiro de Cristina, e por ironia do destino ela apareceu gravida, o pai desesperado a mandou para Conceição na casa do Major que acabou enviando ela para Pouso Alegre na casa de uma irmã dele que não me recordo o nome e ai ficou até a criança nascer. Quando nasceu Ana queria ficar com a criança, o pai foi até Pouso Alegre arrancou a criança de Ana e deu aos padrinhos para criarem dizem que ninguém nunca mais viu o menino. Sobre o empregado de José esse sumiu, nunca mais foi visto, criou-se um história que ele teria sido emparedado vivo, mas acho mentira, em 1958 estive na tal fazenda e não vi nada de mais". (Contado por Félix da Motta em novembro de 2013).

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Joaquim da Motta Paes

Essa imagem colorizada, também compartilhada pelo primo Hélio Irani da Motta e Camanducaia retrata Joaquim da Motta Paes, o futuro Barão de Camanducaia, em seu uniforme da Guarda Nacional.

Joaquim da Motta Paes (Barão de Camanducaia). Nascido em Pouso Alto em 02/12/1821 e faleceu  em Piranguinho, em 05/03/1889. Casou-se duas vezes, a primeira com sua prima Maria Ribeiro de Oliveira, nascida em Conceição dos Ouros-MG em 1830, filha de José Corrêa de Oliveira e Maria Ribeiro. Desse casamento nasceram 10 filhos. Casou-se pela segunda vez em 02/01/1869 com Bernardina Maria Pereira dos Anjos, filha de João Pereira da Silva e Maria José Carolina na Costa. Sem geração.

Estamos trabalhando na árvore genealógica do Barão, pois a mesma é bastante extensa. Caso você seja descendente do mesmo e queira figurar na nossa árvore, entre em contato pelo email mayara.mmatos@gmail.com.

domingo, 27 de outubro de 2013

Filhos do Major Félix da Motta Paes

Essa é uma das fotos compartilhadas comigo pelo primo Hélio Irani da Motta e Camanducaia das quais eu mais gostei. 
Incluí na imagem a legenda, baseada no que Marly Bartholomei usou em "O romance do Pinhal". Porém, conversando com o amigo José de Campos Salles Neto ele me disse que pensa que a filha não se trata da Maria Ribeiro como identificou Marly, mas de Felícia Lemes Cabral, até porque a foto ao lado  traz o marido dessa segunda. Achei que faz sentido, mas mantive os dois nomes.
Caso alguém tenha mais alguma informação, peço que entre em contato. 



terça-feira, 1 de outubro de 2013

As mulheres dos Mendonça - parte III



Achei essa notícia sobre maus tratos dos escravos de Joaquim Alves Fagundes Sobrinho, no jornal  Pacotilha de 13 de dezembro de 1887. Lembro que Joaquim era casado com Lucinda Maria de Jesus, filha de Francisco da Motta Paes e Anna Victoria de Mendonça, citada no livro "O sertão da Pedra Branca" de Luiz Barcellos de Toledo. Penso que essa reportagem é ilustrativa do trecho:

"Outras vezes castigando com pancadas as escravas, se estas desesperadas com o sofrimento procurasse com a fuga cessar o padecer, ela que era uma mulher viril, imediatamente soltava dois ou mais cães de fila que mantinha presos em correntes, e as escravas eram dilaceradas pelos cachorros até que fossem amarradas novamente. Diziam que mais de uma escrava assim perdeu a vida."


"O socialista, folha que se publica na cidade do Paraiso (Minas) dá a seguinte notícia:
"Na fazenda  do sr. Joaquim Alves Fagundes Sobrinho, conforme a denúncia que recebeu o sr. Tobias Patricio Machado, digno delegado de polícia, uma infeliz escrava foi barbaramente castigada, e quando entre dores e gemidos, procurava os bosques para ahi exhalar o ultimo suspiro, eis que lhes estugam ferozes cães!!!
A infeliz, já sem forças e coberta de sevicias, não oppoz resitência e pouco aturou com vida.
O honrado delegado de polícia, acompanhado de uma força, seguiu para a freguesia de S. João Baptista das Cachoeiras, onde foi enterrado o cadáver a pobre martyr, e prosegue nas diligencias legaes".


Quanto mais pesquiso, mais percebo que genealogia tem menos a ver com orgulho e mais com realidade. É  cada vez mais difícil não ter sentimentos anacrônicos.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Registros de Terras - Felix da Motta Paes



Terras públicas, p.53, n°261. Paraíso, São José do (Paraisópolis).


"Eu abaixo assignado possuo hum terreno(?) de huma chacara(?)  que comprei do finado Capitão João Antônio Pereira, no suburbio(?) desta Freguesia de São José do Paraíso dividindo  com terras do Patrimônio do mesmo São José e por um córrego com Manoel Barbosa Sandoval  e outros(?) contendo três de quatro alqueires mais. Na mesma Freguesia de São José do Paraíso, vinte dous de abril de mil oitocentos e cincoenta e seis. Asing= Felix da Motta Paiz apresentado a 22 de abril de 1856.
O Vigário Feliciano José Teixeira"

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Jornal Diário do Brazil - Edição 173 de 26-07-1884


MOMENTO DA LAVOURA
Minas Gerais
S. JOSÉ DO PARAIZO

O bando faminto dos abutres, chamados abolicionistas, e que tem esvoaçado sobre o quasi cadaver de nossa definhada agricultura, não tem ainda dirigido seu vôo e grasnar sinistro para o bello céo de onsso município.
Ou seja, porque não contem com a reconhecida probidade da nossa magistratura, e autoridade policiaes: nem com a subserviencia de nossos honestos advogados, e nem mesmo, até, com a ignorancia de nossa escravatura, em geral disciplinada, moralisada, e paternalmente tratada, é fato que ainda não tivemos por esta região a visita sorrateira d'esses philantropos de meia cara como infelizmente tem succedido em outros pontos do Brazil.
Mas, como é mais prudente prevenir o mal do que remedial-o, acaba de fundar-se n'esta cidade um Club da Lavoura, Commercio e Industria, que tem por fim prevenir e providenciar na orbita do direito e da lei contra qualquer tentativa subversiva da propriedade individual e da ordem publica.
Sob a iniciativa do Sr. Tenente-coronel Francisco Gomes Vieira e Silva convocou-se uma reunião dos mais importantes fazendeiros, negociantes e outros cidadãos conceituados do município; e no dia 23 do passado, sob a presidência do Sr. Barão de Camanducaia e depois de um discurso do sr. Advogado A. R. De Almeida, em que se expôz o objeto e fim da reunião, foi unanimamente approvado o alvitre e declarado installado o Club da Lavoura.
Passando a eleição da directoria e conselho administrativo, deu o seguinte resultado:
Barão de Camanducaia, presidente; tenente-coronel José Vieira Carneiro, vice-presidente; advogados Antônio Raposo de Almeida e Tobias Patricio Machado, secretários; e Januário Rodrigues Mendes, thesoureiro.
Além de outras deliberações , o Club resolveu dirigir-se ao Imperador n'uma curta mais substancial representação, em que se invoca a sua soberana autoridade para uma questão momentosa, como é a do elemento servil, única seiva de trabalho regular de que póde dipos o nosso lavrador.
Eis a representação:
Senhor – A' sombra de lei e do augusto nome de V. M. Imperial a sociedade brazileira repousava tranquilla, em relação ao elemento servil, crente de que as boas disposições da lei de 28 de setembro se derivarião as consequencias almejadas pelo direito de propriedade e pelos sentimentos de humanidade.
Infelizmente, porém, assim não aconteceu; e, os chamados abolicionistas especulando com a propriedade e ousando pôr em graves riscos a ordem social procuram subverter a sociedade produzindo uma conflagração geral que, a não ter uma forte resistência poderá attrahir desgraças à nossa pátria.
Para V. M. Imperial o protector natural do povo brazileiro e primeiro mantenedor de nossas leis recorre o Club Municipal de S. José do Paraízo, Minas, esperando que da sabedoria e generoso coração de V. M. Imperial virá o remédio para tantos males e a tranquilidade de espirito para os que se acham ameaçados, com suas famílias, não só em suas propriedades, mas também em suas vidas.
S. José do Paraízo, 22 de junho de 1884.
Acha-se pois fundado e funcionando Club da Lavoura, Commercio e Industria do municipio de Paraizo.
Desejamo-lhes todo o exito em sua benefica missão; e assim como elle seguio exemplo de outros muitos e importantes clubs, que se tem fundado em diferentes municipios visinhos imitem o passo, que acaba de dar esta cidade.
Pela nossa parte felicitamos o nosso club,e fazemos votos para que corresponda aos applausos, que já tem sabido inspirar, pelo conceito que merecem no público o pessoal da sua diretoria, do seu conselho e dos seus membros em geral.
( Da Gazeta do Paraizo)

Jornal Theophilo Ottoni - Edição: 33 - 11/08/1878



O Tenente Coronel Joaquim da Motta Paes, Delegado de Polícia da cidade de Paraíso, aos seus amigos e ao público.

Ai dos maos porque os olhos da Providência lhes vêem nús os corações em toda a hediondez de sua perversidade!

A mesma precisão que o viajor tem de limpar-se da lama das estradas, que o enxovalhão, tem o homem de bem de defender-se das calumnias e cituperios com que os tratantes o maculão. O profundo respeito que tributo à sociedade e os deveres do meu cargo de Delegado de Policia, obrigão-me à descer, descer e descer muito da posição em que estou collocado, para vir até um tal de Eufrásio de Toledo, que me consta existir na cidade do Paraíso e que n'um papelucho que o mesmo publica com o título de - jornal – procurou causticar-me a paciencia injuriando-me torpemente. Ninguém pode livrar-se, desde que anda no mundo, que uma serpente lhe atire traiçoeiros botes e nem que um cão damnado, ao passar, na furia da hydrophobia, o enxovalhe com a sua baba nausebunda. E' isso uma das tristes contingências da espécie humana. A' muitas outras desgraças está sujeito o homem n'este valle de lagrimas, porém a maior d'ellas e a mais terrível de todas, é ter perdido o brio e o pudor que lhe fasem avermelhar as faces, quando lhe lanção em rosto as suas miserias. Há entes q'chegão a este terrivel estado e, para elles, só o vergalho, manejado por um braço possante pode ser corretivo. O tal Eufrasio de Toledo não merecia que eu respondesse ás injurias que me atirou, porém o publico merece-me tudo e é a elle que me dirijo. Por instancia dos meus amigos politicos e até de alguns conservadores, com os quaes folgo de entreter cordeaes relações d'amisade, aceitei o cargo de Delegado de Polícia da cidade de Paraíso. Nunca fui político exaltado e nem especulador e por isso, só por condescendência e por entender que todo o cidadão tem obrigação de servir ao seu paiz, estou servindo como Delegado de Policia. Infelizmente porém, uma das vezes que estive com a vara, tive de lançar mão de alguns meios que a lei faculta, para conter os desordeiros, que por sua perversão incommodão ao publico e à paz das famílias, chamando para assignar termo de bem viver á alguns d'elles.
Inocorri nas iras do tal sr. Eufrasio porque, todos os meus amigos do Paraiso, m'o indicarão como o primeiro que deveria assignar termo, visto que era o principal motôr da alteração da ordem publica. Indaguei quem era esse tal Eufrasio e de onde tinha vindo; disserão-me que era um indivíduo vindo dos lados de S. Paulo e que aqui se arvorara em redactor de um jornal que só se occupava em fomentar aqui e na visinha cidade de S. Bento; que o mesmo tinha vida pouco regular; que era muito dado ao vicio de jogos prohibidos; e que procurava insurgir o povo contra as autoridade constituídas. Tive ainda certeza que as pessoas gradas de ambos os partidos não formavam bom conceito de tal Eufrasio. Em vista disso, mandei intimal-o para ver-se processar, afim de assignar um termo em que obrigasse a não andar fomentando intrigas contra as autoridades, apesar de ser o mesmo vereador e curador, cargos estes que não dão virtudes a quem não as tem. Alguns conservadores entenderão que deverão aproveitar-se d'isto para se queixarem d'esta delegacia ao Exmo. Sr. Conselheiro Presidente da Província. O Exmo. Sr. Dr. Chefe de Polícia mandou-mo essa queixa para que respondesse. Fil-o como entendi dever faser, fallando a S. Exa. Com a franqueza que me caracaterisa, fazendo ver quem era o tal sr. Eufrasio que é ou era aqui vereador.
Zangou-se comigo o homem e eil-o à injuriar-me no tal jornalsinho que só agora soube existir n'aquella cidade. E' o que faço agora. Disse elle que tendo eu nascido entre as enxadas, era incapaz de escrever e pronunciar duas palavras em publico e que tinha assignado aquelle oficio de olhos fechados. Apesar de ter nascido entre as enxadas, tive o cultivo necessario para comprehender perfeitamente o que leio e saber o que devo assignar. O publico que me conhece sabe d'isso perfeitamente. Tenho subida honra em ser lavrador e viver do fructo das enxadas e creio que é mais honroso isso do que viver, como alguém vive de alicantinas e patotas no lanisquet e de adular os chefes polítcos para lamber-lhes os pratos. Se não tenho habilitações para falar em público, sei faser-me comprehender e asseguro ao sr. Eufrasio que minhas palavras, ainda que toscas e rudes, tem mais algum valor do que as de alguns valdevinos que, não tehndo onde cair mortos, embora fallem muito em publico, ninguém lhes presta attenção. Se escrevo mal, tenho convicção de que aquillo que escrevo é a expressão da verdade e creio também que a minha firma, mal traçada, tem mais alguma aceitação do que alguma de letra bem talhada, porém bem pouco respeitada. Diz mais o sr. Eufrasio que a distância que nos separa impossibilita-nos de entrarmos em discussão. E' a verdade isso e creio que a única que disse o sr. Eufrasio. E' tal a distância que nos separa mesmo, que eu não o enchergo: não sei se é devido isso a essa distância, se à sua pequenhez, ou se à poeira em que anda sempre envolvido. Diz mais o sr. Eufrasio que veio à imprensa só para se justificar. Justificar-se?!! O sr. Eufrasio meteu-se em uma empreitada dificilima! No entanto, eu me proponho a ajudál-o. Prove a toda evidência que como jogador de lansquinet nunca foi patoteiro; prove que não frequenta sociedade infensas à honra e a honestidade; que vive de seu honesto trabalho e etc, etc... que os seus desafectos callar-se-irão. Eu creio que o sr. Eufrasio provará tudo isso facilmente? Ah! Então já o sr. Eufrasio entende que o sr. Ten. Cor. Francisco Gomes Vieira e Silva é um distincto conservador?!! Mar parece-me que não era essa a sua opinião aqui há trêz mezes, quando esse honrado cavalheiro não lhe quiz emprestar aquelles cem mil rs... de que o sr. Eufrasio tanto precisava? Creio que nesses dias o sr. Ten. Cor. foi mimoseado pelo Sr. Eufrasio com epitetos bem afrontosos! Mas... as coisas mudão-se... Diz o sr. Eufrasio que o seu papel não é o de estatua politica do seu partido. Não duvido, e nem serei eu quem o diga que o é; mas estou no direito de dizer que o papel de espoleta político é mil vezes pior que o de estátua. Disse também que o meu oficio ao Exmo. Dr. Chefe de Policia era immundo e, como talvez não saiba bem a significação da palavra – immundo – há de me permitir que lho diga, exemplificando-a. Immundo é o ente que, não querendo viver entre as enxadas, para com o suor do seu rosto obter a subsistência de sua família, vai procurál-o nas alicantinas dos jogos illicitos, fasendo patotas, ligeiresas e trapaças. Immundo é o homem que vive à custa de outrem, como a parasita agarrada à frondosa árvore, sugando-lhe a seiva. Immundo é o bajulador que hoje endeosa àquelle mesmo a quem hontem vituperou, porque não lhe quiz emprestar dinheiro. Immundo é o político que finge-se arrufado com o chefe; quer fazer dissidencia, e, não podendo conseguir seus fins, agarra-se com os compadres ricos para que de novo o addmitão no partido. Immundo, enfim, é àquelle que já perdeu o brio, a vergonha e a dignidade de homem.Sabe agora o que é ser immundo? Passemos adiante. Que a typographia é sua não duvido, mas contesto que fosse comprada com dinheiro seu, porque há bem poucos dias, uma das duas victimas dos cobre disse quem o tinha dado. Lembre-se que o Theophillo Ottoni tem na sua frente – propriedade de uma associação – Não faz mysterio d'isso. Filhos bastardos?!! Eu não disse em meu oficio que o sr. Eufrasio era filho bastardo; nem sei se o é; eu antes quero tel-os do que sel-o. Gosta dos griphos? ! Decifre estes. Diz ainda que é natural de Pindamonhangaba, etc, etc... Que o sr. Eufrasio era natural eu sabia muito bem, agora se é de Pindamonhangaba, eu ignorava... Cuspir na face?!
Ora sr. Eufrasio, quem é o sr. para cuspir na face de alguém? Pobre percevejo que não se esmaga porque pode feder e causar asco! Reptil asqueroso que enxovalha o imprudente que d'elle se aproxima! Execração humana que causa nojo! Coisa inqualificável que parece gente! Foge de minha presença porque me causa náuseas. Nada tenho a responder ao artigo assignado por A. V. Carneiro filho de um homem a quem respeito e tenho amizade, não sei se está autorizado por seu pai a travar polemicas pela imprensa: só o que lhe asseguro é que nenhum Fuão teve a mínima parte na minha publicação e que portanto s.s. errou o bote que imprudentemente atirou à pessoa que jamais o ofendeu. Se o sr. A. V. Carneiro julga-se ofendido por eu dizer que s. s. é muito jovem, comigo se deve haver não com qualquer dos Fuãos que não se temem de discussão alguma, em qualquer terreno, sobre o passado, presente ou futuro com s. s. porque elles têm consciência dos seus actos. Tendo dito quanto me cumpria, protesto não voltar à imprensa sobre este assumpto.
Conceição dos Ouros, 03 de agosto de 1878.
Joaquim da Motta Paes

Eufrasio de Toledo = Alferes José Eufrásio de Toledo. Este é citado em 24/03/1895 como Major José Eufrásio de Toledo,redactor do jornal Tribuna Mineira.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Registros de Terras - Marianno da Motta Paes


Terras públicas, p.3, nº 50. Paraíso, São José do (Paraisópolis).

"Terras que possui Marianno da Motta Paez nesta Freguesia de São José do Paraíso. Eu Marianno da Motta Paez, abaixo assignado, sou senhor e possuidor de uma Fazenda de cultura na paragem denominada Coqueiros (?) que contem(?) setenta e hum alqueires mais ou menos, os quais dividem pela parte da Nascente com Manoel João da Rosa, José Dias de Medeiros e José Vieira Carneiro e Silva e pelo poente com o mesmo José  Dias de Medeiros e José Vieira Carneiro e Silva foi por mim comprado de Joaquim José da Glória(?) no anno de 1828 por escritura particular. S. José do Paraíso 10 de novembro de 18551 Marianno da Motta Paez= Apresentado em 11 de novembro de 1855.
O vigário Feliciano José Teixeira"

A série Terra Públicas, disponibilizada no APM, traz os registros das terras de Minas Gerais efetuados pelos vigários das paróquias, descrevendo a localização, limites, data e os proprietários de terras.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Major Félix da Motta Paes



Nascido em Lorena, cerca de 1794. Falecido em Conceição dos Ouros- MG em 02/03/1872, aos 78 anos de catarro pulmonar. c.c. Lucinda Maria de Jesus, também conhecida por Lucinda Angélica Ribeiro em Pouso Alto-MG, filha de Manoel Corrêa Ribeiro e Leonara Angélica de Oliveira, e irmã de Francisca Ribeiro de Oliveira. Felix e Lucinda são considerados os fundadores da cidade de Conceição dos Ouros-MG, na medida em que doaram o terreno necessário para construção da capela da Barra dos Ouros. D. Lucinda faleceu em Conceição dos Ouros em 03/01/1861. O casal teve os seguintes filhos:
1 -Maria Ribeiro Cândida de Oliveira Motta c.c. Victoriano José de Oliveira (Vitoca) em Pouso Alegre-MG, aos 10/11/1831. Ele era filho de Joaquim Pinto Rosa e Joana Maria da Conceição e natural de Pouso Alto-MG.
2 -Joaquim da Motta Paes (Barão de Camanducaia). Nascido em Pouso Alto em 02/12/1821 e faleceu  em Piranguinho, em 05/03/1889. Casou-se duas vezes, a primeira com sua prima Maria Ribeiro de Oliveira, nascida em Conceição dos Ouros-MG em 1830, filha de José Corrêa de Oliveira e Maria Ribeiro. Desse casamento nasceram 10 filhos. Casou-se pela segunda vez em 02/01/1869 com Bernardina Maria Pereira dos Anjos, filha de João Pereira da Silva e Maria José Carolina na Costa. Sem geração.
3 -José Ribeiro da Motta Paes (Barão de Motta Paes) batizado em Pouso Alegre-MG em 11/04/1828 aos 3 meses de idade. Faleceu em Espírito Santo do Pinhal-SP em 19/12/1915. Casou-se e 19/06/1848 em Pouso Alegre-MG com sua sobrinha Maria Cândida Ribeiro de Oliveira Motta, nascida em Conceição dos Ouros em 1834, filha de Victoriano José de Oliveira e Maria Ribeiro Cândida de Oliveira.
4 - Dâmaso da Motta Paes (Capitão) Batizado em 20/11/1825 no Oratório das Dores, em Pouso Alegre c.c. Francisca Ribeiro de Oliveira (filha de sua irmã Maria Ribeiro Cândida de Oliveira Motta e de Victoriano José de Oliveira) em 28/05/1851 em Pouso Alegre-MG. Sem geração.
5 - Francisco da Motta Paes, nascido a 20 de novembro de 1825 no Oratório das Dores, e falecido em Conceição dos Ouros aos 45 anos em 08/03/1874. Casou-se pela primeira vez com Anna Victória de Mendonça em Pouso Alegre, MG, em 1849.  Em 22/11/1864 Anna Victória falece “violentamente” de parto em Conceição dos Ouros-MG. Francisco se casou novamente com Jesuína Alves Senne em 06/08/1866, filha de José Alves Senne e Zeferina Cândida de Oliveira. O casal Francisco e Anna Victória teve 7 filhos .
6 - Antônio da Motta Paes. Nascido em 1836.
7 -Segisfredo da Motta Paes nascido em Conceição dos Ouros em 12/11/1838 e faleceu em Espírito Santo do Pinhal-SP em 14/02/1899. Viveu com Ana Rita da Palma.
8 - Lúcio da Motta Paes (Coronel), nascido em Conceição dos Ouros em 1840 e falecido ali mesmo em 1897. Casou-se duas vezes: a primeira em 04/07/1866 com  Lúcia Ribeiro da Motta Paes em Conceição dos Ouros- MG. A segunda com a sua ex-cunhada, Maria Ribeiro da Motta Paes, em 1877. Do segundo casamento nasceram 5 filhos.
9 -Felícia Lemes Cabral nascida em Conceição dos Ouros em 23/01/1844, onde faleceu em 01/06/1917. Casou-se em Pouso Alegre em 27/11/1858 com Joaquim Tomaz de Oliveira Tito.
10. Inocente falecido em 22 de abril de 1824, em Santana do Capivari - MG.

Marly de Alencar Xavier Bartholomei  afirma no livro “O romance de Pinhal” que o Major  Félix da Motta Paes teria tido ainda os seguintes filhos ilegítimos:

11. Inácio da Motta
12. Margarida da Motta
13. José Lino da Motta
14. Florência da Motta
15. Joaquim da Motta
16. Mariano da Motta
17. Francisca da Motta

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O jovem Firmo da Motta Paes

Boa tarde,

O amigo José de Campos Salles Neto dividiu comigo essa imagem, do meu trisavô Firmo da Motta Paes, quando jovem, enviado a ele pelo saudoso tio José Joaquim da Motta Paes e Camanducaia. 
Na imagem não consta a data, porém como Firmo partiu para a Europa no  vapôr francês "Cony" em setembro de 1882 e retornou ao Brasil em outubro de 1889, e a foto foi tirada ainda na França,  tem que ter sido tirada no período compreendido entre as duas datas.

Espero que gostem!

Um abraço,

Mayara



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

As mulheres dos Mendonças - parte II

Vocês lembram que fiz um post com um pedaço do livro "O sertão da Pedra Branca", sobre a mulher e as filhas de Francisco da Motta Paes? Nele, eu pedi informações sobre quem seria a filha do casal, e não é que consegui? O pesquisador José de Campos Salles Neto entrou em contato comigo no sábado, dizendo que por meio de história oral ele sabia quem era "A Fera": segundo ele, tratava-se de Lucinda Maria de Jesus, conhecida como Marioca, nascida em 1851 e casada com Joaquim Alves Fagundes Sobrinho.
Em posse desses dados, fiz uma procura na Biblioteca Nacional, e achei o que entendo com uma comprovação do que me foi dito: 



Exemplar do jornal "A união" de 29/02/1888, edição 150, p.1  onde lê-se:

"Que, recebendo o delgado de paraíso denuncia de haver, a 16 do mesmo mez, sido sepultada no cemitério público de S. J. Baptista das Cachoeiras a escrava do fazendeiro Joaquim Alves Fagundes Sobrinho, de nome Maria Paula, fallecida em consequência de sevícias, dirigiu-se aquella autoridade ao referido lugar, onde procedeu à ehxumação e autopsia no cadaver, verificando-se ter a morte sido occasionada por castigos immorados, apezar de terem os medicos exigido o prazo de 5 dias  para darem parecer que ainda não exibiram".


domingo, 4 de agosto de 2013

Firmo da Motta Paes

Tenente Coronel Firmo da Motta Paes em foto de 1907.

O Tenente Coronel Firmo da Motta Paes foi o décimo primeiro filho do Barão de Camanducaia. Nasceu em Conceição dos Ouros - MG em 28/02/1864. Casou-se duas  vezes: na primeira em 09/12/1893 com Maria Madalena da Cunha, que faleceu em 1898. Desse primeiro casamento não teve filhos. Viúvo, Firmo casou-se em 18/04/1903 com sua sobrinha Maria Luzia da Motta Paes, filha de Félix da Motta Paes e Elisa Etelvina Motta. Faleceu em 08/08/1928 em Conceição dos Ouros.
Imagem retirada de palestra de Newton Marque Motta, disponibilizada em outro post aqui no blog. Legenda original: "Coronel Firmo da Motta Paes junto a sua esposa Maria Luzia da Motta Paes e seus dois primeiros filhos Maria Ribeiro de Oliveira da Motta Paes (em pé na cadeira) e Firmo da Motta Paes e Camanducaia (Tenente do Exército) nos braços de sua mãe".

O casal Firmo da Motta Paes e Maria Luzia da Motta Paes teve os seguintes filhos:
  1. Maria América da Motta Paes. (Mariinha) Sem geração. 
  2. Maria de Conceição da Motta Paes. Sem geração. 
  3. Maria da Glória Ribeiro da Motta Paes. (D. Nina)  Nascida a 26/5/1917 em Conceição dos Ouros-MG e ainda viva e moradora da cidade. Sem geração. 
  4. Maria Ribeiro de Oliveira e Motta Paes (D. Cotinha). Sem geração.
  5. Hélio da Motta Paes e Camanducaia, nascido em 12/04/1924
  6. João Joaquim da Motta Paes e Camanducaia. Nascido a 16/04/1915 em Conceição dos Ouros-MG e casado com Cyla Mesquita em 03/01/1957, em Itajubá-MG. 
  7. Maria Lucinda da Motta Paes.
  8. Joaquim da Motta Paes e Camanducaia
  9. José Joaquim da Motta Paes e Camanducaia (Major). Nascido a 16/02/1913 em Conceição dos Ouros-MG e falecido em 02/06/20003. Casado com Diva Barreto Rodrigues em Juiz de Fora-MG em 01/11/1937. 
  10. Firmo da Motta Paes e Camanducaia (Tenente), nascido a 05/03/1906 em Conceição dos Ouros-MG c.c. Anathália de Lourdes Sales, nascida em 28/01/1904 em Pouso Alegre-MG. Fillha de Braz Sales e Maria Conceição Sales. Tiveram 8 filhos. 




sexta-feira, 19 de julho de 2013

Testamento de Francisca Ribeiro de Oliveira

Boa noite,

A Viviane me disponibilizou esse documento que agora compartilho com vocês. Trata-se do testamento de Francisca Ribeiro de Oliveira. O documento é grande, a resolução da imagem não está muito boa e, confesso, eu ando um pouco sem tempo, por isso só consegui transcrever uma parte do documento. Se alguém puder ajudar na transcrição, agradeço imensamente.

Um abraço,

Mayara


Página 1


1848
N66
Testamento de Francisca Ribeiro de Oliveira
Testamenteiro seu  (?) Félix da Motta Paes


Anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e quarenta e oito aos vinte e dous dias  dos mês de julho do dito anno nesta Villa de Pouso Alegre, Comarca de Sapucahy (...)  e do Cônego João Dias de Quadros Aranha e sendo a lei para ele foi dada sua parte no justo pelo qual determinam (...) Escrivão que copiado o testamento (...) Dona Francisca Ribeiro de Oliveira certificado o seu testamento (...) fazer os


Página 2




Página 3
O Escrivão de Orfãos que se acha servindo de Primeiro Tabelião interinamente extraindo do livro de registros a cópia do testamento com que faleceu Francisca Ribeiro de Oliveira, notifique o testamenteiro da mesma para no termo de 24 oras vir prestar juramento de inventariante fazer as devidas declarações e dar bens a inventário para  em vista dele  se pagar o respectivo selo da erança. Outro sim notifique a Coleta Municipal e a do testamenteiro para se louvarem  marcando-lhe para outro dia, tudo debaixo das penas da lei aqui se cumpra. Pouso Alegre, 22 de julho de 1848.
João Dias de Quadros Aranha


Página 4
Cópia do testamento com que faleceu Francisca Ribeiro de Oliveira (...) folhas hum arranjo número e dois quatrocentos (...) pagam quatrocentos e oitenta (réis?) o Sello. Villa de Pouso Alegre dois de julho de mil oitocentos e quarenta e oito (...) Eu Francisca Ribeiro de Oliveira estando com saúde e em meu perfeito juizo mas temendo me da morte faço o vivo (?) testamento na forma: Sou natural da Freguezia de Pouzo Alto da Província de Minas Bispado de Mariana e prezente moradora desta Freguezia de Pouso Alegre filha legítima de Manoel Corrêa Ribeiro  e de Leonor Angélica de Oliveira ambos já falecidos. Fui casada com Francisco José de Azevedo de cujo casamento não tivemos filhos alguns. Nomeio (?) meus testamenteiros em primeiro lugar Félix da Motta Paes, em segundo ao reverendo João Dias de Quadros Aranha, em terceiro João Antônio Pereira, na qual quem aceitar o ei ficar abonado e afiançado seu que (?) ser concedido a qual quer (esperança?)  e o  constituo(?) Procimo do seu (?) . Deicho quatro (?) determino 9?0 testamento. Deicho ao primeiro   que aceitar essa minha (testamentaria ?) quatrocentos mil réis. Os bens que possuo são os que se (acharam?) por minha morte dos quais  por não ter herdeiros forçandos em que (?) leis (...) das quais (...) Deicho a meu (...) irmão João Ribeiro de Oliveira que (...) mil(..) os quais lhe deicho não (...) façam de (?) minha caza que (...) digo minha companhia. Deicho a minha affilhada Maria Ribeiro cazada com Victoriano José de Oliveira uma criollinha(…)  de nome Placidin digo (?). Deicho a meu affilhado Joaquim filho de Felíx da Motta Paes uma crioulinha de nome Francisca. Deicho a meu affilhado José filho de José (Sarmento?) com mil (?). Deicho a três meus affilhados Antônio, Francisca e Maria filhos de meu irmão José Joaquim de Oliveira trinta e dois mil réis  a cada hum. Deicho a minha affilhada Anna filha de Floriano Rodrigues de Morais (cem?) mil réis. Deicho ao Senhor Bom Jesus, padroeiro desta Matriz de Pouso Alegre, cém mil réis que serão (?) ao procurador do mesmo Senhor. Meu testamenteiro mandará dizerem cem missas por minha alma vinte a cinco pela alma do falecido meu marido e dez pela alma de meus pais. No dia de meu enterro meu testamenteiro (?) pelos pobres mais necessitados  desta Freguezia que (?) mil mês Maio (?) será feita a eleição de meus herdeiros e (...) minhas últimas vontades (?) como de facto instituo por meu universal herdeiro a Felix da Motta Paes e em sua falta seu filho  (Joaquim?) (?) seus filhos (?)  do legítimo matrimônio com D. Lucinda Maria  de Jesus os quais todos herdeiros (...) alguns dos filhos


Página 5


Página 30
Em vista da resposta do Coletor Municipal e dos ditos das testemunhas (dei?) por justificado o deduzido na petição (?). Seja esta apensada ao respectivo inventário para ser atendida na conta judicial a que se (?). Pague o justificantes as custas. Pouso Alegre, 21 de agosto de 1848.
João Dias de Quadros Aranha

segunda-feira, 8 de julho de 2013

As mulheres dos Mendonça

Bom dia pessoal,


O documento que compartilho com vocês hoje foi encontrado pelo amigo Ismael Silva, que é um verdadeiro garimpeiro, vive encontrando coisas preciosas escondidas. Trata-se  do trecho  de um livro disponibilizado no site da prefeitura de Cristina-MG. Pelo que pude entender, é a versão digital do livro de uma memorialista local chamado Luiz Barcellos de Toledo cujo título é "O Sertão da Pedra Branca".
Confesso que é um documento do qual ainda não tenho maiores informações: ainda não sei a qual filha do casal se refere, e ainda não encontrei formas de encontrar o processo citado no texto. Caso alguém tenha alguma informação que possa me ajudar na procura, por favor, deixe nos comentários.


Um abraço,

Mayara.



“Sobre a família Mendonça da qual descendiam as esposas de José Carneiro Santiago, Luiz Barcellos diz: “...convém contar que a família Mendonça era muitíssimo brava, homens e mulheres primavam pelo gênio irascível e martirizavam com muita crueldade os seus infelizes escravos. Entre eles destacava-se a segunda mulher de José Carneiro Santiago D. Ana Vitória de Mendonça,senhora de um gênio extremamente violento, casando-se novamente depois da morte de seu primeiro marido, com Francisco da Mota Paes, homem também muito brutal e falto de educação, viveram sempre em desarmonia e mais de uma vez ela foi castigada fisicamente e com muito rigor pelo bruto marido. Desse casal descende uma fera, uma das mulheres mais malvadas que se tem conhecido. Foi casada com um homem muito bom, honrado e trabalhador, que ela dominava inteiramente. Esta mulher que tinha escravos, matava-os a fome e martírio. Contavam os vizinhos que para castigar os negrinhos por qualquer travessura própria da idade, ou para castigar a mãe na pessoa do filho, amarrava-os nos postes do curral e nos mourões da cerca da fazenda, as pobres crianças, completamente nuas, besuntados de melado feito de caldo de cana-de-açúcar, pois eles eram fabricantes de rapadura, e exposta ao sol que queimava a fim das abelhas, marimbondos e outros insetos procurando o mel no corpo das crianças as martirizavam com seus aguilhões, espicaçando-os. Outras vezes castigando com pancadas as escravas, se estas desesperadas com o sofrimento procurasse com a fuga cessar o padecer, ela que era uma mulher viril, imediatamente soltava dois ou mais cães de fila que mantinha presos em correntes, e as escravas eram dilaceradas pelos cachorros até que fossem amarradas novamente. Diziam que mais de uma escrava assim perdeu a vida. Esta mulher má era extremamente ciumenta do marido, que, no entanto era muito virtuoso, e a maior parte do mal que fazia aos escravos era por ciúmes mal fundados. Conta-se que nascendo de uma escrava uma criança um pouco mais clara que os outros, julgou com seu ciúme excessivo que era bastardo de seu marido e pegando a criancinha a colocou debaixo de uma bacia de banho, cuja borda foi ajustada no pescoço da pobrezinha, ficando a cabeça para fora e o corpo dentro, e a malvada assentou-se em cima da bacia estrangulando em poucos segundos a sua vítima. Ameaçaram de denunciá-la à justiça, mas sendo ela da principal família do lugar, ninguém quis arriscar-se a odiosidade dessa família poderosa. Passados poucos anos nova vítima caiu nas garras dessa mulher perversa; uma pobre escrava, ainda por ciúmes mal fundados, foi castigada com grande rigor e queimada toda, principalmente nas partes pudorosas. Esta morrendo, foram enterrar em Cachoeira, distrito do Paraíso. Mas desta vez, o povo indignado denunciou à justiça a criminosa. Quiseram abafar o crime, mas o clamor foi muito forte e as autoridades do Paraíso foram obrigadas a mandar fazer exame na escrava que já havia há 8 dias estava enterrada. Um moço muito distinto, honrado, bom médico Dr. Targino Otoni fez a autópsia e reconheceu o crime e a hediondez do delito. Ela foi à barra do tribunal e gastou muito dinheiro saindo livre. Portou-se no júri com uma altivez e soberba que admirou o auditório. Voltou para a fazenda e em seguida veio a liberdade dos escravos. Essa mulher forte, orgulhosa e rica caiu acabrunhada pelo remorso e em pouco tempo morreu na maior degradação possível, sofrendo mais, muito mais que suas vítimas.”



O texto na íntegra você encontra aqui.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Processos Matrimoniais Pouso Alegre-MG Parte 4

Processos Matrimoniais
Pouso Alegre - MG
Páginas
Nome do noivo
Nome da noiva
Localização no Search
Ano
1 a 21
Manoel da Silva Pereira
Joana Cândida de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
22 a 38
José Luiz Brandão
Maria Theodora de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
39 a 63
Antônio de Vasconcelos
Generoza Maria de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
65 a 83
Dâmaso da Motta Paes
Francisca Ribeiro de Oliveira
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
84 a 94
Joaquim José Jacinto
Maria José
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
95 a 109
Joaquim José de Souza
Anna Luíza de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
110 a 121
Manoel da Costa
Lúcia Alves
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
122 a 131
Francisco de Paula da Silveira
Maria Luiza de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
132 a 142
Francisco da Cunha Victorino
Maria Geracina
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
143 a 155
Lino Soares de Souza
Maria do Rozario
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
155 a 160
Manoel Rodrigues Pereira
Maria Custódia
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
161 a 169
José Antônio de Paiva Bueno
Anna Jacintha do Nascimento
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
169 a 182
José Joaquim de Tolledo
Anna Custódia do Evangelho
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
183 a 193
José Ildefonso Torquato
Josefina Maria de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
194 a 205
João Pereira Theobaldo
Iria Joaquina da Silva
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
206 a 218
Francisco João Damasceno
Felisbina Maria da Conceição
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
219 a 227
Augusto Ennes Baganha
Dionísia Maria da Conceição
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
228 a 252
Vicente José de Oliveira
Silvéria Cândida do Nascimento
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
253 a 263
Antônio Pereira dos Reis
Luiza Garcia Ribeiro
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
264 a 284
Francisco Leite da Silva
Bárbara Maria de Jesus
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
285 a 308
Manoel Cândido da Silva
Rita Pereira
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
309 a 318
Francisco José Garcia
Maria das Neves
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851
320 a 344
Francisco José Rodrigues
Anna Marcelina de Mello
Processo Matrimonial 1851, Maio-Jul
1851