MOMENTO
DA LAVOURA
Minas
Gerais
S. JOSÉ
DO PARAIZO
O bando faminto dos
abutres, chamados abolicionistas, e que tem esvoaçado sobre o quasi
cadaver de nossa definhada agricultura, não tem ainda dirigido seu
vôo e grasnar sinistro para o bello céo de onsso município.
Ou seja, porque não
contem com a reconhecida probidade da nossa magistratura, e
autoridade policiaes: nem com a subserviencia de nossos honestos
advogados, e nem mesmo, até, com a ignorancia de nossa escravatura,
em geral disciplinada, moralisada, e paternalmente tratada, é fato
que ainda não tivemos por esta região a visita sorrateira d'esses
philantropos de meia cara como infelizmente tem succedido em outros
pontos do Brazil.
Mas, como é mais
prudente prevenir o mal do que remedial-o, acaba de fundar-se n'esta
cidade um Club da Lavoura, Commercio e Industria, que tem por fim
prevenir e providenciar na orbita do direito e da lei contra qualquer
tentativa subversiva da propriedade individual e da ordem publica.
Sob a iniciativa do Sr.
Tenente-coronel Francisco Gomes Vieira e Silva convocou-se uma
reunião dos mais importantes fazendeiros, negociantes e outros
cidadãos conceituados do município; e no dia 23 do passado, sob a
presidência do Sr. Barão de Camanducaia e depois de um discurso do
sr. Advogado A. R. De Almeida, em que se expôz o objeto e fim da
reunião, foi unanimamente approvado o alvitre e declarado
installado o Club da Lavoura.
Passando a eleição da
directoria e conselho administrativo, deu o seguinte resultado:
Barão de Camanducaia,
presidente; tenente-coronel José Vieira Carneiro, vice-presidente;
advogados Antônio Raposo de Almeida e Tobias Patricio Machado,
secretários; e Januário Rodrigues Mendes, thesoureiro.
Além de outras
deliberações , o Club resolveu dirigir-se ao Imperador n'uma curta
mais substancial representação, em que se invoca a sua soberana
autoridade para uma questão momentosa, como é a do elemento servil,
única seiva de trabalho regular de que póde dipos o nosso lavrador.
Eis a representação:
Senhor – A' sombra de
lei e do augusto nome de V. M. Imperial a sociedade brazileira
repousava tranquilla, em relação ao elemento servil, crente de que
as boas disposições da lei de 28 de setembro se derivarião as
consequencias almejadas pelo direito de propriedade e pelos
sentimentos de humanidade.
Infelizmente, porém,
assim não aconteceu; e, os chamados abolicionistas especulando com
a propriedade e ousando pôr em graves riscos a ordem social
procuram subverter a sociedade produzindo uma conflagração geral
que, a não ter uma forte resistência poderá attrahir desgraças à
nossa pátria.
Para V. M. Imperial o
protector natural do povo brazileiro e primeiro mantenedor de nossas
leis recorre o Club Municipal de S. José do Paraízo, Minas,
esperando que da sabedoria e generoso coração de V. M. Imperial
virá o remédio para tantos males e a tranquilidade de espirito para
os que se acham ameaçados, com suas famílias, não só em suas
propriedades, mas também em suas vidas.
S. José do Paraízo,
22 de junho de 1884.
Acha-se pois fundado e
funcionando Club da Lavoura, Commercio e Industria do municipio de
Paraizo.
Desejamo-lhes todo o
exito em sua benefica missão; e assim como elle seguio exemplo de
outros muitos e importantes clubs, que se tem fundado em diferentes
municipios visinhos imitem o passo, que acaba de dar esta cidade.
Pela nossa parte
felicitamos o nosso club,e fazemos votos para que corresponda aos
applausos, que já tem sabido inspirar, pelo conceito que merecem no
público o pessoal da sua diretoria, do seu conselho e dos seus
membros em geral.
( Da Gazeta
do Paraizo)
Um comentário:
onde vc conseguiu esse jornal?
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